Na rotunda
Imagina-te numa estrada. Segues e encontras uma rotunda com duas saídas.
Uma das saídas não tem sinais, nem vem nos mapas. A via perde-se para lá duma colina. Às vezes distinguimos um sol, espreitando atrás da curva, outras pressentes um vento frio, cortante, quase cruel. Mas suspeitas da tua lucidez, e sabes que aquele é o lugar onde sonhaste sonhar a felicidade. Aquela é a estrada que queres seguir, é o caminho que desejas tomar, mais que tudo na vida. Tens receio. Pensas que pode ser cedo demais para tomar uma decisão tão importante. Intimida-te e seduz-te.
Vais dando voltas à rotunda. Lembras-te que depois de seguires por um dos caminhos não poderás voltar atrás. As estradas da imaginação têm sentido único, apesar de terem rotundas.
A segunda saída é-te familiar. Estudaste-lhe bem a geografia, não temes já as suas curvas perigosas -- que as tem --, e agradam-te os lugares remotos e tranquilos que uma luz verde te convida a visitar. Enquanto vais circulando pela rotunda, qual ponteiro de relógio, interrogas-te se este não será um caminho fácil demais. Tu que amas a inquietude, que és tu próprio imprevisível, hesitas.
Imagina-te, ponteiro rodando na rotunda. E nas rotundas da vida circula-se no sentido horário, convém lembrar. Suspeitas que nenhuma das duas estradas alguma vez regresse à outra. Jamais irão convergir. Deves pois optar. Ou não. Diz-me: que farás?
Um dia dir-te-ei o que fiz.
1 comentário:
Indecisa como sou acho que me ficava mesmo pela rotunda. Vou dando voltas até desmaiar de cansaço ou até cair por enjoo. A escolha é sempre tão difícil...
Obrigado por comentares o meu blog :) Do que li aqui (que não foi tudo) gostei.
Beijos**
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