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quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

A divisão

Oito pares de sóis radiam sobre nós. E há oito janelas para o labirinto. Muitos pensam que são portas, mas não, são janelas. As cortinas foram fechadas. Muito conveniente. O crescente jaz sobre a mesa e a seu lado um relógio empurra vagarosamente o ponteiro dos segundos.

Dos dedos dos autómatos saem segredos. Pelos olhos e ouvidos entram subtilezas que, a espaços, activam leves sorrisos.

Aqui as rectas são rectas, direitas, limpas. Tendem mesmo para o infinito. Os círculos são mesmo circulares e ferem os olhos de tão perfeitos. Só as máquinas fingem combater o silêncio, e fazem-no com a discreta competência de assassinas profissionais.

A divisão está fechada. Apesar disso existe uma porta por onde muitos entram, pensando que de facto entram, quando na verdade saem. Vindo do lado de fora, sente-se um rumor fresco que dói no peito de quem o ouve. Através da brancura hermética da geometria da cúpula, passam subtis pedaços de alucinação. Por vezes há autómatos que descodificam esses sinais. Há autómatos que se perdem.

Diz quem viu, que o gerador de tais sobressaltos é um ser bioquímico que se deixou de filosofias e quis ser mais escravo que os activistas autómatos. Uma fêmea, como é referido nos livros antigos. Também, agora todos os livros são antigos.

E por vezes há autómatos que descodificam esses sinais. Há autómatos que se perdem.





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