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quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Tenta outro dia

Não lhe apetece ler, e logo hoje que esperas passiva como um livro numa estante. Estremeceste quando te tocou no ombro, mas era só a força do hábito, como se lêsse o título na lombada. Tem os olhos cansados. Está farto de histórias com finais previsíveis, e tu perdes para qualquer policial do Le Carré. Falta-te enredo. Tens acção, sobejam-te assomos de ousadia, mas falta-te... poesia!

Até te digo, acho que ele preferia escolher outro livro qualquer às cegas, ou pelo cheiro. Não sei se sabes mas os livros têm cheiros característicos. Tu, por exemplo, és de certeza um livrinho impecavelmente novo, a cheirar a rebuçado de baunilha. Longe, muito longe, dos romances de bolso a cheirar a tabaco, sujos de se darem, do odor libertino do álcool dissolvido em suor e noite, do cheiro a vómito.

Não sei já dizer se ele ainda sabe ler(-te). Qualquer calhamaço insípido sobre a vida sexual das formigas tem agora potencial para te levar a melhor, bastando que tenha marcas de café derramado e vestígios de areia da praia. Acho que ele se deixou perder-te. De modo que hoje não lhe apetece ler. Tenta outro dia.



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