O século do povo não dura só 100 anos
Unidos por uma mudança global, milhões de pessoas em todo o mundo desfilaram em protesto, exigindo... democracia! A comunicação social, em negação, vai dando relevo àquilo que considera essencial – as birras da PSP na escadaria do Parlamento, os confrontos de uma dúzia de pessoas com a polícia italiana, ou os golos do Benfica contra o Portimonense. Enquanto isso, lá fora, a realidade mostra-nos que a História é imprevisível, imparável, subtil, e que o século do povo pode não ter terminado ainda.
No passado sábado, pela primeira vez nesta escala e com este grau de convergência, um movimento de protesto planetário fez com que milhões de cidadãos saíssem à rua, mobilizados por palavras de ordem inimagináveis há bem pouco tempo como revolução, e colocando em hipótese heresias como consciência cívica, desobediência civil ou democracia directa. Apenas palavras, mas valiosas palavras, pois ecoaram por todo mundo e delas, não tenham dúvidas, resultarão consequências. O futuro dirá se será esta geração a pôr em prática a reforma dum sistema que, ferido, se tornará cada dia mais perigoso.
Álbum fotográfico da manifestação. Lisboa, 15 de Outubro de 2011
Em Lisboa, estima-se que terão estado nas ruas, entre o Marquês de Pombal e São Bento, cerca de 100 mil pessoas – uma pequena parte dos milhões que, por toda a Terra se cansaram do silêncio e, pela primeira vez na História, se vão dando conta de que há problemas comuns a resolver.
História. Planeta. Coisas grandes, com maiúsculas. Coisas que fazem um estrondo enorme quando caem no chão. Qualquer que seja nosso lado da barricada, será sensato tomarmos isto como um primeiro aviso sério.
Entretanto, façamos de conta que mantemos a calma e circulemos. Devagar, quer se goste ou não, o mundo vai mudando. E nada se repete.