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terça-feira, 2 de setembro de 2008

Opções (ou porque somos tão pequenos)

Este é o pensamento político que temos:

  • estádios de futebol, hoje às moscas;
  • TGV;
  • novo aeroporto;
  • nova ponte;
  • auto-estradas onde, na maioria dos casos, bastaria criar estradas com bom piso, prevendo "variantes" que as desviassem das localidades;
  • etc, etc.
A quem, na verdade, serve tudo isto? Portugueses, pensem: a quem vai servir o TGV?
  1. Aos fabricantes de material ferroviário (e aos seus agentes internos, sob a forma de "luvas");
  2. Ás construtoras de obras públicas e... ;
  3. Claro, aos bancos que vão financiar a obra!
Os portugueses ficarão -- uma vez mais -- endividados durante décadas por causa de mais uma obra megalómana.

Experimentem ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dá consigo num comboio que só se diferencia dos nossos Alfa por não ser tão luxuoso e ter menos serviços de apoio aos passageiros. A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demora cerca de cinco horas.

Não fora conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemáticos pelos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos. Se não os conhecesse bem, perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza. A resposta está
  • na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior;
  • nos seus museus e escolas de arte;
  • nas creches e jardins-de-infância em cada esquina;
  • e nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade.
Percebe-se bem porque
  • não construíram estádios de futebol desnecessários;
  • não constroem aeroportos em cima de pântanos;
  • nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.
O TGV é um transporte adequado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem /custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo. É por isso que, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, só existe TGV em França, Alemanha e Espanha e, embrionário, segundo o eixo longitudinal da Itália (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos
  • na Noruega;
  • na Suécia;
  • na Holanda;
  • e em muitos outros países bem mais ricos do que este "quintal" mal gerido.
Tirar 20 ou 30 minutos ao Alfa Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País. Para além de que, dado ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, será um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se:
  • 1000 (mil) Escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes (a 2,5 milhões de euros cada uma);
  • mais 1000 (mil) creches (a 1 milhão de euros cada uma);
  • mais 1000 (mil) centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um).
E ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências como, por exemplo, na urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.

Adaptado de Anovis Anophelis

1 comentário:

Anónimo disse...

Completamente de acordo. Neste país esbanja-se muito dinheiro. Ou melhor, alguém fica sempre com ele, né?



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