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a agoirar desde 2004

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

De férias

O blog do Gato Preto está de férias, por tempo indeterminado. Que me desculpem os vistitantes, mas valores mais altos se alevantam... Até breve!

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

6ª edição do beco

Custou, mas já está. Nova edição do beco, com algum palavreado novo (dois textos e meia dúzia de poemas novos) e, principalmente, uma avalanche de belíssimas fotos na remodelada secção de imagens.

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Bananas

Visualiza uma jaula, espaçosa. No centro há uma escada de acesso a vários apetitosos cachos de bananas. São colocados dentro da jaula, digamos, cinco macacos. Quase de imediato, como era de esperar, um deles sobe a escada e captura parte do banquete.

Agora imagina que os cientistas por detrás desta experiência levam a cabo uma injusta e cruel punição pela ousadia do dito macaco: os quatro restantes primatas são bombardeados impiedosamente com jactos de água gelada, ficando impune o nosso herói. Percebendo que o preço a pagar pelas bananas é alto demais, os macacos desistem de tentar a sorte.

Pouco tempo depois, substituição: um novo macaco, absoluto desconhecedor de todas as peripécias anteriores, é colocado na jaula, e sai um dos primeiros. O incauto precipita-se logo para a escada, mas não chega a subir... É impedido pelos outros quatro que, à cautela, lhe dão uma sovazinha exemplar. Mais vale prevenir.

Mais tarde, é retirado da jaula um dos quatro macacos iniciais, entrando também para o seu lugar um novo forasteiro. A cena ranterior repete-se; à inocente tentativa de subir a escada, segue-se uma valente sova, na qual, claro, participa activamente a anterior vítima.

As substituições sucedem-se até que na jaula restam apenas macacos que nunca sequer viram os temidos jactos de água gelada que originaram esta curiosa ordem social. Isto é, a partir daqui, cada novo macaquinho que entre na jaula é agredido sem saber porquê... Os quatro anfitriões agridem o recém-chegado sem saberem porque o fazem...

E ninguém come as bananas, ninguém sabe porquê...

(Um amigo contou-me esta história. Não sei se aconteceu na realidade, mas que é verosímil, lá isso é. E nem é preciso usar macacos.)

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Quantos poemas tem a noite?

Tenho o estranho prazer de não conhecer esta Sherazade que tão facilmente encanta quem a lê. Que dure mil vezes mil e uma noites este blog:

http://quantospoemas.blogspot.com/

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Lição

Vim dos subúrbios da
vontade
e tive-a
de ser diferente

Cheguei só e cego de
ansiedade
não cuidei
de ser prudente

Vi-me cercado dos
muros da cidade
a que julguei
fazer frente

Agora sei que a
Liberdade
se conquista
colectivamente

Adelino

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

A sério?!... (teste 3)

Your Ideal Relationship is Serious Dating
You're not ready to go walking down the aisle.
But you may be ready in a couple of years.
You prefer to date one on one, with a commitment.
And while chemistry is important, so is compatibility.

Simple as that (teste 2)

You are an Atheist
When it comes to religion, you're a non-believer (simple as that).
You prefer to think about what's known and proven.
You don't need religion to solve life's problems.
Instead, you tend to work things out with logic and philosophy.

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Oh, que surpresa... (teste 1)

You Are 70% Weird
You're so weird, you think you're *totally* normal.Right?
But you wig out even the biggest of circus freaks!

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

Electrónica aplicada

Só uma certa pessoa poderia perceber isto, e só se por acaso soubesse electrónica:

Se eu fosse um transístor, poder-se-ia dizer que fui da saturação ao corte sem passar pela zona activa...


Símbolo do Transístor de Junção Bipolar... All by the rules, hã Rui? ;)

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Indisponível

Levantei-me cedo. Tomei um duche. Não fiz a barba, apeteceu-me que se notasse o meu desprezo pelos padrões. Não ouvi os noticiários matinais, e fiz por evitar as bancas de jornais. Hoje o destaque sou eu, o auto-sufuciente, o indispensável.

Cheguei tarde. Sentia os olhos fundos, mais sonolentos que eu, e um vazio interior, talvez explicável pela falta do pequeno-almoço. A eficiência macabra que revelou, mostrou-me claramente que também ele um dia decidira deixar a humanidade em casa. Mexia-se bem, com um controlo soberbo de tudo o que o rodeava, sobretudo daquilo que lhe dizia respeito. Dizia o essencial. Não "apenas" o essencial, mas o essencial. O tempo podia medir-se pelo ritmo seguro dos gestos e dos sons que produzia. Era um ser impressionante, um ex-humano, apesar de tudo, mas quase perfeito. Senti-me grande, elevado pelo exemplo daquela criatura ideal, infinitamente acima dos ineficazes, dos ilógicos, da turba feliz e barbeada que lamentavelmente nunca atingiria aquele nível de sintonia com o líder.

Quando acabou, saí demonstrando a firmeza e indiferença que não precisara de aprender com ele. Olhar em frente, passada firme, auto-suficiente, indispensável, mas indisponível. Como tudo o que é indispensável. Senti um ruído no estômago. Era o vazio que mostrava um natural desconforto perante a poluição exterior. Não podia ser fome. De facto, pensei, jamais voltaria a ter fome. Foi quando a vi.

Insegura, ondulante. Constipada. Uma picada quase imperceptível na nuca, um ligeiro arrepio, e tive de correr para casa. Buscar o que lá deixei.

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Constituição Europeia

Alguém sabe o que é a mui falada Constituição Europeia? Numa perspectiva didáctica, dêem uma espreitadela a esta apresentação (PowerPoint). Talvez ajude um pouco.

Alive and kicking

Não, de facto ainda não morri. Nem morrerria agora, ainda que me pagassem. Pessoalmente, sinto-me tão espantosamente bem, que morrer seria um desperdício. Para mim e para o resto da Humanidade -- mas principalmente para mim. Lembro-me de mim desiludido e resignado, a uma tal magnitude que quase chegava a ter pena de mim... Assusto-me da facilidade com que este eu arrogante e extrovertido caía fulminado por qualquer desaire, qualquer dificuldade, pela simples subtileza de um olhar gelado. Mas o Sol acende às vezes em nós uns pedaços de lucidez, de coragem. Agora continuo desiludido, mas determinado. Vivo. E determinado.

De resto, sejamos sérios, eu não podia abdicar de continuar a viver neste planeta maravilhoso, assistindo a tão risíveis filmes e tão bizarros actores. Por Alá, que seria de mim -- e que tédio, senhores -- se não fossem os Big Brothers (os da TV e o outro), os incêndios (o que arde cura, sempre ouvi dizer), as roubalheiras (as descaradas e as envergonhadas), as leis (que não são abortos mas sim salsichas), o bin Laden, o seu amigo Bush Júnior (e as bombas com que ambos nos animam os telejornais), o BritCom, os fazedores de opinião, os Marcellos (não sei se ainda leva dois L), os Hermanos (não os nuestros, mas os Saraivas), os Salazaritos e os Estalinezitos, os centristas, os vendidos (perdoem a repetição), os boys, os toys, os futebóis, os majores, os capitães (Abril, águas mil), os Avelinos, as Fátimas (a virgem imaculada e a que nem tanto), os velhos senadores (e o fabuloso duelo intergaláctico), os banqueiros do povo (que tanto fazem em prol da criatividade em anúncios de TV), as tias (as ôcas) e as vacas loucas, os frangos do Ricardo...

Andei tanto tempo a queixar-me, e sem razão. Sob pena de me vir a tornar num velho chato e resmungão, tenho que ver as coisas doutra maneira. Toda esta riqueza, esta diversidade, só pode ter em mim duas consequências: uma longa gargalhada, e muita, muita determinação.

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Já não há homens?




(fala uma especialista)

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Laranja (não há palavras)

O Tomané é um miúdo despachado, todo radical pá, só visto, atão não é que ele chega noutro dia ao pé duma garina, a Amélia, conheces a Amélia, a chavala nem o conhecia, tás a ver, e ele até nem a curtia, pelo menos que eu saiba, ele andava era atrás duma gaja da nossa turma, uma baixinha caixa de óculos que não lhe ligava nenhuma, mas ele não via mais nada, tava todo doido por causa dela meu, andava há que tempos a ver se ela coisa e tal, percebes, se reagia quando ele se metia com ela, e tal, era só ela estalar os dedos que o Tomané derretia-se todo, mas, népias, o man nunca desistiu da maluqueira mas a mim disse-me que não ia dar em nada, tava resignado, ou lá como se diz, e que com o desgosto ia dar em maricas, vê lá tu, cruzes canhoto, o que as mulheres nos fazem às vezes, mas prontos, eu tava era a falar da Amélia, essa sim, uma garina muita gira e simpática, até muita linda, por acaso, mas prontos, ele chega-se a ela, epá, até me dói a alma a contar isto, como é que é possível, quer dizer, ela não é assim uma gaja fácil, andou há tempos um palhaço qualquer a armar-se que a havia de papar, o gajo até era de Lisboa, e o papá era cheio da massa, ministro, ou o catano, ele fartou-se de a convidar pra isto e pr'aquilo, mas ela nada, só com as amigas e o matulão do primo, sabes, aquele da cabeça rapada, chamam-lhe "skin", mas é sem ele saber, que se ele topa é capaz de se passar, mas isso não interessa, o caso é que o tal puto, o do mercedes, pois, o puto de Lisboa tinha um mercedes, ficou todo lixado com as negas que levou, uma noite apanhou uma bebedeira e andou aí a dizer que ela era lésbica, que o primo a andava a comer, e tal, a sorte dele foi o "skin" não andar por perto, mas foi uma cena triste, ia levando uma tareia dumas gajas amigas dela que lá tavam na discoteca, coza-se, o mulherio ficou em brasa meu, até chispava, mas o Tomané, o Tomané é que me surpreendeu pá, o outro puto nunca mais o vi, pudera, mas o Tomané, prontos, é verdade que ele sempre teve jeitinho pra se meter com as gajas, até com as profes, carago, um dia apanhou aquela profe boazona, lembras-te, a estagiária que dava filosofia, apanhou-a de surpresa à saída do liceu e tunga, deu-lhe um beijo na boca, isto contou-me ele, que eu não vi, mas acredito pá, pois acredito, e ela era tão boa, a malta babava-se toda no Verão, quando ela trazia aqueles vestidos aerodinâmicos, ai meu deus, não há palavras, disse-me o Tomané que a mulher até deixou cair os livros que trazia na mão, ficou toda aparvalhada a pobre, até foi por isso que faltou às aulas três dias seguidos, deve ter andado a desinfectar a língua, ah, ah, ah pois, a língua, o nosso amigo não brinca em serviço, mas a tipa depois disfarçou bem, a malta toda sabia, que aquele sacana contou a toda a gente, a turma toda a rir-se, até as gajas, mas ela sempre a fazer-se de novas, não se passa nada, cum carago, até parecia que não tinha comido um linguado do nosso herói, do Tomané, depois ainda houve quem insinuasse que ele tava na tanga, invejosos do caraças, ele se quisesse até a levava prá cama, que é menino pra isso e até mais, a espiga é que ele gosta é de miúdas mais simples, assim mais pró intelectual, inteligentes, tás a ver, que digam umas merdas complicadas à frente dos velhotes, pra meter respeito, malucas não é muito com ele, ah sim, que aquela era muito Sócrates e Descartes, mas vai-se a ver e é mais Freud que outra coisa, parece muito atinadinha mas deve ser uma ganda tarada, ui ui, ó pá nem te digo nada, só sei que o Tomané se passou, mas isso já foi anteontem meu, que eu tava lá e ouvi, prontos, tava um chinfrim do caneco que não se ouvia um cú d'olho, mas eu percebi na mesma, quer-se dizer, conheço o gajo há tanto tempo que nem preciso de o ouvir pra saber o que ele diz, e foi "laranja", o bacano chega ao pé da Amélia, ela toda gira, de mini-saia, ufa, um espanto, sorri pra ela e diz "laranja", só isto pá, mai nada, só te conto, a gaja ficou muito séria a olhar pra ele, ele a olhar pra ela, isto foi praí dois minutos, sem exagero, depois a gaja desata a rir que nem uma perdida, altas gargalhadas, parecia uma maluquinha, ficou tudo a olhar pra ela, e ela ria, ria, ria, não parava, que cena marada, o Tomané muito sério, sempre a olhar pra ela, com aquele olhar à gato das botas, não sei se tás a ver, só corou um bocadinho, e foi só do lado esquerdo, quando ela lhe espeta um chapadão, até fez eco, até a mim me doeu, mas o gajo tinha-os lá, continuou teso, a desafiá-la, ela tentou resistir, mas desatou logo a chorar, até dava a ideia que eles se conheciam meu, mas não, nunca tinham falado, eles são de turmas diferentes, e ela nem é de cá, se isto tem alguma lógica, diz-me lá se isto tem ponta por onde se lhe pegue, claro que ele consolou-a logo, ai não, chama-lhe burro, estiveram abraçados um bom bocado, ele só a acariciava, não dizia nada, não disse uma puta duma palavra, ela é que lhe dizia umas coisas baixinho, a soluçar, não dava pra perceber, eu também não tava ali pra controlar a vida do rapaz, bolas, afinal ele é meu amigo, tem que haver algum respeito, e tal, mas entretanto ela parou a choradeira, acalmou, e adivinha, ficaram os dois cromos, o Tomané e a Amélia, sentados, de mãos dadas, pasmados, a olhar um pró outro como se estivessem a ver alguma maravilha, parecia que a coisa que cada um mais gostava na vida eram os olhos do outro, já não diziam nada, ele também não tinha dito a ponta dum corno, só disse uma vez "laranja", não entendo, estariam a falar por telepatia, ou aquilo era bruxedo, não sei, a verdade é que nunca mais descolaram desde essa hora, eu fico parvo, andou aí o betinho do mercedes e esforçar-se e nada, o Tomané chega lá, diz "laranja", e, não há palavras, eu fico parvo.

quarta-feira, 29 de junho de 2005

Era de esperar

Quanto menos inteligente, melhor!

Um estudo científico publicado esta semana na Alemanha promete dar que falar no mundo da bola. 0 trabalho feito pelo professor Oliver Honer, da Universidade de Mogúncia, diz que quanto menos inteligente for um jogador... melhor. "A inteligência é uma incapacidade notória para um futebolista durante um jogo. Ter um coeficiente intelectual baixo é benéfico para os jogadores, sobretudo para os avançados, cujas decisões não têm nada a ver com a inteligência", diz o estudo, que termina com um exemplo: "Por isso Rooney é um bom jogador".


in Jornal 24 Horas, 27-07-2005

terça-feira, 14 de junho de 2005

De mãos vazias



Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de vós de mãos vazias.

~ * ~

Nos últimos dias mal tenho ligado a televisão ou o rádio. Também raramente tenho lido notícias na web. De modo que no Domingo passado fui surpreendido na rua pelas capas dos jornais: tinha falecido um homem de que poucos ainda se lembram, Vasco Gonçalves um revolucionário de Abril. Um homem com causas, com ideais. Pode ter cometido erros, mas fez o que achava melhor para um povo, não para uma elite, ou para uma estatística. Um homem que, do pouco que sei dele, me parece muito, muito longe da tralha de gente oportunista que me enjoa sempre que vejo telejornais.

Hoje levantei-me tarde. Cheguei à rua, vi as manchetes e pensei que estava a sonhar. Era surreal: Álvaro Cunhal num jornal, Eugénio de Andrade noutro... e assim sucessivamente. De tal forma que fiquei baralhado. Carago, afinal quem é que morreu hoje?

Morreram os dois. O Cunhal não era flor que se cheirasse. Supremo guardião da verdade absoluta, dono da chave dos portões que dão para os amanhãs que cantam, admiro-o só pela dedicação à "sua" utopia. Respeito-o. Morreu o homem, um dia destes morrerá o "seu" partido, e não haverá então nenhuma bandeira a meia haste.

O Eugénio, permitam-me que lhe chame "o Eugénio", é só o maior poeta que eu já li. Leiam, também, peço-vos. Aqui, noutros sites, numa biblioteca, numa livraria, onde quiserem, mas leiam-no todo. Estou sem palavras. Nestas alturas, perdoem-me @s jovens que leiam isto, sinto-me assustado e penso: quando estes gajos morrerem todos, vou ficar sozinho no mundo com esta juventude idiota?...

~ * ~


O outro sabia.
Tinha uma certeza.
Sou eterno, dizia.

Eu não tenho nada.
Amei o desejo
com o corpo todo.

Ah, tapai-me depressa.
A terra me basta.
Ou o lodo.


(Quase epitáfio, por Eugénio de Andrade. Os versos que começam este artigo são também dele, e neles ousei alterar uma palavra, para os poder dedicar aos três homens que faleceram. Aqui está a versão original do Poema para o meu amor doente.)

domingo, 12 de junho de 2005

Estudo sobre os seios

Olhar para fotos não conta! Um dos muitos mails que circulam pela rede, refere um estudo científico que, apesar de ser pura invenção de alguma mente inspirada (.)(.), merece, pelo menos, um sorriso. Diz assim:

Contemplar o peito das mulheres, é bom para a saúde dos homens, e ajuda-os a viver mais tempo, foi o que revelou um estudo realizado por um grupo de pesquisadores alemães. Eles descobriram que olhar fixamente cada dia, durante 10 minutos os seios de uma mulher, é tão benéfico como uma boa meia-hora de exercícios físicos. Este estudo, que foi realizado durante 5 anos num grupo de 200 homens voluntários, demonstrou que todos aqueles que aproveitaram o espectáculo entusiasmante de belos seios femininos, sofrem menos de doenças cardio-vasculares, e têm menos problemas de hipertensão do que os que não olharam para os seios de mulheres todos os dias.

O Dr. Karen Weatherby, que dirigiu os estudos, afirmou que "olhar para os seios de uma bela mulher durante 10 minutos cada dia é o equivalente a uma meia-hora de aérobica. A excitação sexual aumenta a frequência cardíaca, e é benéfica para a circulação do sangue. Nós pensamos que, com uma prática diária, os homens podem aumentar a esperança de vida em, pelo menos, 5 anos."

segunda-feira, 30 de maio de 2005

Pós-aviso de Greve

O Gato Preto avisa os seus clientes que, por motivos profissionais (Ah, ah, ah!), nos próximos dias não publicará novos artigos no blog. Até um dia destes.

E ao menos enquanto estão aqui, podiam disfarçar esses suspiros de alívio, já agora...

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Chegada

Lembro-me de ti
agora que me afundo
noutros abismos

O fresco da madrugada
recorda-me o teu respirar
a tua mão ao chegar
um peito que tive-o

Com saudade
com alívio
sou de novo mortal
lembro-te enfim sem receio
lembro-te em mim sem receio

Agora que se ergue o temporal
e nasce o dia
Agora que fundeio
noutra baía

Adelino

quinta-feira, 12 de maio de 2005

Amanhã é 13 de Maio...

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Palavras sábias

"Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu!"

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Eternamente Jorge

Academia de Aveiro, Semana do Enterro do Ano. O pavilhão não tem as mínimas condições sonoras para lá se realizarem concertos, mas é o nosso pavilhão. A nossa festa. Eu lá estive, como no ano passado, a ver o Jorge. Quando o gajo entrou no palco, juro-vos que parecia que ele estava normal. Mas, veio a provar-se que o Jorge Palma nunca é normal. Ainda bem. É asssim que eu gosto dele.

Foi um belo concerto, numa porcaria de recinto. Associação Académica e Câmara Municipal, acabem com isto, por favor. (E, Jorge, se leres isto, desculpa lá a falta de convicção dos meus colegas a pedirem o encore. A frouxidão já é tradicional na academia aveirense.)

Fiquem com a minha preferida dele.

~ * ~
Eternamente Tu

O tempo não sabe nada, o tempo não tem razão
O tempo nunca existiu, o tempo é nossa invenção
Se abandonarmos as horas não nos sentimos sós
Meu amor, o tempo somos nós

O espaço tem o volume da imaginação
Além do nosso horizonte existe outra dimensão
O espaço foi construído sem princípio nem fim
Meu amor, huuum, tu cabes dentro de mim

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar

A nossa história começa na total escuridão
Onde o mistério ultrapassa a nossa compreensão
A nossa história é o esforço para alcançar a luz
Meu amor, o impossível seduz

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Não há passos divergentes para quem se quer
Encontrar

O meu tesouro és tu
Eternamente tu
Eternamente tu

Palavras sábias

"Quem pode, pode. Quem não pode, sacode."

sexta-feira, 29 de abril de 2005

Vou cair

Dizem que vou cair

Porquê a insónia?
Porquê o sol
se as nuvens se condensam?

O destino é delicadamente
subtil
como a deriva de um continente
Nunca dorme Não sabe ser
conveniente

A mentira convincente pode ser
confortável
mas eu quero-te
verdade inverosímil

Segredo

Porque o medo deita-se cedo
mas não consegue adormecer

Adelino



terça-feira, 26 de abril de 2005

Livros, livros, livros

Resolvi aderir ao questionário livresco da nossa blogosfera. É que isto é giro. Primeiro, porque acabamos por conhecer um pouco das pessoas que vamos encontrando pela Internet. Humanizando-as. Isso é muito importante. Depois, porque vamos dando aos outros sugestões. Quem não gosta de recomendar a alguém algo que apreciou?

Portanto, cá vai:

1 - Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Eu não quero nem queria ser um livro. Mas se tivesse mesmo que ser, então seria um livro de poemas de amor, da minha autoria. Já viram isto, um livro autor de si mesmo? E o primeiro poema seria o do artigo anterior, dedicado a uma mulher... que me ilude.

Isto independentemente de alguém querer queimar o livro (Fahrenheit 451), ou a mim. As Inquisições só queimam o que não podem matar. O amor e a liberdade são imortais.

2 - Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por uma personagem de ficção?
Lembro-me do protagonista de "O Fio da Navalha", de W. Somerset Maugham, que li quando a barba ainda estava a começar de me aparecer na cara. Larry era um rapaz com tudo para ter aquilo a que se chama uma vida de sucesso: uma carreira, uma mulher que o amava, uma família que o apoiava. Mas ele não quis o fácil, o óbvio. Numa aparente loucura autodestruidora, Larry quis testar os seus limites, descobrir o mundo. Descobrir-se. Este romance, e esta personagem em particular, marcaram-me bastante, embora o Larry não seja "o meu herói".

Quem não é certamente a minha heroína é a Kate, de "A Leste do Paraíso", de John Steinbeck. Mas impressionou-me e de que maneira, a forma extraordinária como o autor conseguiu criar uma personagem tão perfeitamente maquiavélica na perseguição dos seus objectivos. Kate é a (quase?) total ausência da ingenuidade que nos faz sociáveis e humanos. Toda uma vida de actos premeditados, sem afecto, nem piedade. A pessoa mais cruel que eu já li.

Além do Larry e da Kate, lembro-me dos dois protagonistas de "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera (Tereza e Tomás, se bem me lembro), apaixonados, em luta com a hipocrisia do Estado e da sociedade.

3 - Qual foi o último livro que compraste?
"Microelectronics Circuits", de Adel Sedra e K. C. Smith. Ah! Ah! Puro terror da primeira à última página!

Infelizmente, eu não costumo comprar livros. Quando penso nisso, a minha carteira diz-me que são caros. No entanto, sou cliente habitual das bibliotecas públicas.

4 - Qual o último livro que leste?
"Dádiva Divina", do Rui Zink. Que me desiludiu um bocadinho, confesso. Aquele desenlace deixa muito a desejar. Há ali detalhes que, enfim... Mas, de resto, um policial muito bem escrito, irónico, moderno, à Rui Zink.

5 - Que livros estás a ler?

Estou a reler a antologia "Poesia Completa", de Miguel Torga. É um reencontro com o primeiro poeta que li voluntariamente, o que me causa muito prazer e emoção. E enquanto mato as saudades, selecciono alguns poemas para publicar brevemente no beco.

6 - Cinco livros que levarias para uma ilha deserta.

Se eu fosse viver para uma ilha deserta, não levaria livros, levaria uma pessoa (Há voluntárias? Eu disse voluntárias...). Se eu fosse viver para uma ilha deserta, e pudesse levar livros, levaria um manual de sobrevivência. Acho que ia precisar... Ia custar-me mais a ausência de pessoas do que a ausência de livros. Ainda assim, talvez fosse importante levar uns cadernitos e umas canetas. É que quando estou só, tenho tendência para escrever muito, e não me parece boa ideia escrever nas paredes das cavernas.

...

Huuum, tá bem, a ideia da pergunta era eu dizer que cinco livros levaria, se tivesse que levar cinco livros. Então, levava:

"A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera;
"As Vinhas da Ira", de Steinbeck;
"1984", de George Orwell;
"O Ano da Morte de Ricardo Reis", do nosso José Saramago;
Uma gorda antologia poética que incluísse, obrigatoriamente poemas de Eugénio de Andrade, Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner, David Mourão-Ferreira, Fernando Pessoa (que ainda não conheço tão bem quanto dizem que merece) e toda "A Invenção do Amor e Outros Poemas" de Daniel Filipe. Mai nada.

7 - Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?
Passo o testemunho a quem, depois de ler isto, queira fazer o mesmo. Como eu fiz (li aqui). Mas também espero que leiam isto mais do que de três pessoas (querias...)! Mas serão certamente pelo menos três, as que o farão.

O porquê ficou dito no início.

Hasta!

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Definições

Que é o amor senão
a suprema ilusão?

E a razão o que é
senão disfarce absurdo da fé?

Eu iludo-me.

Adelino



segunda-feira, 11 de abril de 2005

Censura

O meu cérebro já possui um filtro que barra a entrada a disparates. O dispositivo já vem de origem, mas eu gosto -- não quero cá concorrência.

Estou é a pensar em fazer um upgrade ao software, a ver se consigo implementar uma firewall e um anti-vírus. quando conseguir, ah, quando o sistema estiver a funcionar, meus amigos, toda a informação proveniente de:

i) televisão;
ii) internet;
iii) jornais;
iv) revistas;
v) livros;
vi) doutores;
vii) engenheiros;
viii) funcionários;
ix) meninas de olhos bonitos;

Terá os dias contados.
Será. Tudo. Tão. Sim. Ples. Mente. Per. Feito.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

Your time is running out

O caso é que ando a arrastar-me dolorosamente por uma zona complicada da minha existência. Como eu tenho pena da malta que tem tido o mau gosto de me aturar nos últimos tempos. Não deve ser nada bonito de ver, não senhor. Mas, então o que se passa, perguntarás. Resumindo numa frase, se calhar a rotunda é só uma curva, a curva imediatamente antes da recta final da minha juventude.

Desde que sei pensar (?) que sou gajo para ter ideias originais ou, pelo menos, pouco convencionais. Por exemplo, sempre odiei solenemente a ideia de ter uma profissão aborrecida, uma rotina chata (desculpa a redundância), um horário, meu deus, um horário! Quando eu tinha dezasseis anos, desenhava o futuro de forma simples e vaga -- i.e, perfeita: tirar um curso superior, arranjar um emprego bem pago, ganhar uma pipa de massa em meia dúzia de anos, depois pôr uma mochila às costas e partir à descoberta do mundo. De preferência acompanhado da mulher da minha vida. Férias vitalícias. Que bonito! Dez anos depois...

Ah, enganas-te! Dez anos depois, nada mudou. Continuo o mesmo inadaptado, o mesmíssimo utópico. As utopias variam um bocadito, evoluem, mas o espírito é o mesmo. Assusta-me quase sempre vagamente o facto de não me preocupar absolutamente nada com a perspectiva de eu ser um falhado em potência. Mas, por vezes -- e é o caso presente, amiga blogueira --, por vezes fico em pânico. Há dez anos atrás, se queres saber a minha opinião, eu era um puto banal, tímido, embora irrequieto, irritante até, de ideias a tender para o simples, mas muito pouco influenciável. Mesmo muito pouco. Agora, sinto-me a perder isso, a perder a minha independência!

Que bizarro. Pensando bem, tudo isto é óbvio. A verdade curta e grossa é que estou a ficar velho (leia-se adulto). No entanto (e segue-se uma confissão muito delicada), tenho mais medo da reacção das outras pessoas em relação a isso, do que propriamente das implicações físicas ou mentais que isso me traga directamente... Lá está: influenciável. Deixei o meu planetazinho ideal à prova de bala, à prova de tudo, e caí de cu na realidade.

Deixa-me contar-te uma. Imagina que um dia destes fiquei revoltadíssimo quando vi um escuteiro, fardado, pois claro, que seguia com os seus camaradas numa excursão, no mesmo autocarro que eu (de autocarro, pois claro), divertidíssimo, o estafermo, a destruir a porcaria do regulador de ar condicionado do lugar dele. Epa, subiram-me cá uns calores! Mas calei-me, eles eram muitos (muitas, sobretudo, ah, ah). Mas francamente, um escuteiro! Um escuteiro nunca mente. Um escuteiro ajuda velhinhas a atravessar a estrada. Um escuteiro faz pelo menos uma boa acção por dia. Eu acho que não me estou a fazer entender. A sério. Eu detesto escuteiros. Ou melhor: eu detesto os escuteiros, o grupo. Tal como detesto o exército. O problema é que normalmente eu ficaria a rir-me da situação e, se tivesse uma câmara de vídeo à mão, aquilo seria notícia de abertura do telejornal. "Grave crise no Corpo Nacional de Escutas, despoletada pela destruição de um autocarro da Rede de Expressos por um escuteiro em fúria. O indivíduo em causa tinha já antecedentes criminais, nomeadamente..." Com exageros e tudo. Mas não, bolas! Em vez de me divertir cínicamente, deu-me para uma de moralizar. Um escuteiro, ainda por cima, valha-me deus!...

De modo que estas reflexões me têm deixado pouco tempo (paciência?) para a prosa. Terá sido isso e...



5ª Edição!


Este também deu algum trabalho, embora menos. Não foi assim nada de especial.

...

OK, eu não sei mentir, tenta esquecer o que leste até agora. Tudo isto são desculpas. A razão pela qual eu não tenho escrito no blog é o facto de eu ter passado um mês inteirinho a ouvir o Shoot Down dos Prodigy (com os irmãos Gallagher, dos Oasis), em altos berros, umas quinhentas vezes por dia. É claro que fiz uma pausa para recordar os Ornatos :) mas, sinceramente, já nem me lembro das músicas deles que, a propósito, adoro. "Shot the gun / Shot the gun to the bang, bang, bang / Shot the gun / Shot the gun to the bang, bang, bang / ... / Too many tied to the / Too many tied to the bang, bang, bang / ... / Your time is running out", é tudo quanto sei. Vago, simples e hipnótico, como (me) convém. Perfeito. Além de que (outra confissão), a minha rotunda tem afinal um monte de saídas, e eu resolvi ir por todas ao mesmo tempo...

Agora uma palavrinha para ti, que provavelmente és a única pessoa que terá curiosidade para ler isto tudo até ao fim: obrigado pelo protesto. Deu frutos. O texto ficou uma bela merda, sem dúvida, e fiz um enorme esforço para parecer lunático -- normalmente isso é espontâneo! Mas nem tudo é mau. Graças ao empurrãozinho, por ter dito estas banalidades já me sinto melhor. Desabafei. Estou confiante. Sinto-me mais maduro.

Mais... adulto.

...

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!!!...

;)

(Obrigado. Um beijinho.)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

Países temporários

Desde puto que gosto de sentir o espaço recuar à minha volta. Recordo com prazer o fascínio que me inspiravam as orgulhosas multidões de pinheiros passando por mim em sentido contrário, correndo firmes e verticais, ultrapassando casas e montanhas, num pacífico espectáculo marcial.





Tinha dez anos quando comecei a viajar regularmente em transportes públicos. Ainda me lembro bem das velhas carreiras da Rodoviária Nacional, cujos trovejantes motores e rígidas suspensões rapidamente monopolizavam a atenção do utente, em desfavor das vistosas riscas laranja da carroçaria. Muitos anos depois, continuo a apreciar a sensação de habitar, ainda que por breves momentos, esse pequeno monstro instável, sujeito aos caprichos atmosféricos, às ratoeiras da estrada e à perícia do motorista: o autocarro de passageiros. Ali vive-se, enquanto se viaja. É como um pequeno país a deslocar-se. E tudo pode acontecer! Mais tarde hei-de contar-te como me aconteceu apaixonar-me a bordo dum expresso...





Quando acabei o liceu, apaixonei-me também pela segurança e disciplina do mais potente e igualitário veículo terrestre de transportes: o comboio. De facto, salvo algumas batotas, nos caminhos de ferro não há ultrapassagens! Pois é, há classes separadas nos comboios mas, sinceramente, isso não me preocupa muito: ao luxo e à etiqueta prefiro o convívio com as pessoas e a liberdade de pôr os pés no banco da frente. Ups! Vem aí o revisor! Sou um privilegiado por viajar em segunda classe...


estação do Entroncamento


Portugal tem talvez a mais miserável rede de transportes públicos da Europa ocidental, com serviços de baixa qualidade e pouco pontuais, pagos a preços que os construtores de automóveis agradecem. Mas eu gosto, mesmo assim, de andar de comboio. Quase sempre disfruto da viagem sem me preocupar seriamente com mais nada. Esqueço de onde venho e para onde vou. Este feitiço começa naquele lugar impressionante, na magnífica estrutura metálica enxameada de pessoas e bagagem, o limbo onde se cruzam, convergem ou começam os trilhos que levam à esperança e à saudade. O semi-lugar onde tudo começa e acaba: a estação de caminhos de ferro. E o encantamento continua, durante a viagem. Sigo embalado pelo ritmo nervoso das carruagens (que já foi muito mais nervoso!), o deslizar infernal das rodas nos carris, aço batendo no aço, enquanto pessoas, carros, casas, árvores, montanhas e cidades vão ficando para trás. Só este país temporário avança, rasgando a atmosfera. Repara que tudo aqui é mais autêntico nas pessoas, a novidade faz-nos assim. E cada viagem é uma novidade.


estação do Entroncamento


E por mais herméticos e deprimentes que os tornem, nos países temporários sobre rodas hei-de continuar a alimentar a ilusão de que os pinheiros andam mesmo. Pelo menos, enquanto houver pinheiros.


locomotiva na estação de Abrantes

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2005

Na rotunda

Imagina-te numa estrada. Segues e encontras uma rotunda com duas saídas.

Uma das saídas não tem sinais, nem vem nos mapas. A via perde-se para lá duma colina. Às vezes distinguimos um sol, espreitando atrás da curva, outras pressentes um vento frio, cortante, quase cruel. Mas suspeitas da tua lucidez, e sabes que aquele é o lugar onde sonhaste sonhar a felicidade. Aquela é a estrada que queres seguir, é o caminho que desejas tomar, mais que tudo na vida. Tens receio. Pensas que pode ser cedo demais para tomar uma decisão tão importante. Intimida-te e seduz-te.

Vais dando voltas à rotunda. Lembras-te que depois de seguires por um dos caminhos não poderás voltar atrás. As estradas da imaginação têm sentido único, apesar de terem rotundas.

A segunda saída é-te familiar. Estudaste-lhe bem a geografia, não temes já as suas curvas perigosas -- que as tem --, e agradam-te os lugares remotos e tranquilos que uma luz verde te convida a visitar. Enquanto vais circulando pela rotunda, qual ponteiro de relógio, interrogas-te se este não será um caminho fácil demais. Tu que amas a inquietude, que és tu próprio imprevisível, hesitas.

Imagina-te, ponteiro rodando na rotunda. E nas rotundas da vida circula-se no sentido horário, convém lembrar. Suspeitas que nenhuma das duas estradas alguma vez regresse à outra. Jamais irão convergir. Deves pois optar. Ou não. Diz-me: que farás?

Um dia dir-te-ei o que fiz.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

"Eu temo o que quero e quero o que temo"

O medo. O medo faz parar. Recuar. O medo conserva. Nunca conquista. Só recebe. Nunca dá. O medo é frio. É escuro. O medo acelera o ritmo cardíaco. O medo é por vezes filho do desejo. E por vezes mata-o. O medo faz tremer. Faz suar. O medo nunca matou ninguém. Mas arrefece as mãos. E os sentimentos. O medo é forte. Persistente. O medo é fácil. Mas arrasta-se pelo chão cheio de vergonha. O medo esconde-se à sombra da sensatez. É ponderado. Prudente. O medo sobrevive. O medo não sabe viver. O medo não pode viver.

Vive. Sê feliz.



terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Divagações académicas

Uma frase interessante:

No país das maravilhas, os estudantes estão revoltados com as propinas exageradas que pagam anualmente.

Outra:

Domingo há eleições no país da maravilhas.

Pela lógica do bom senso, as duas afirmações anteriores deviam originar a seguinte:

Os estudantes do país das maravilhas exigem aos partidos políticos que clarifiquem as suas posições sobre a questão das propinas, para poderem decidir em conformidade no dia das eleições.

Mais:

Exigem que que os partidos se comprometam a acabar com a roubalheira.


Desgraçadamente, no país das maravilhas (que, a propósito, não existe, é pura ficção) os estudantes só sentem vontade de fazer barulho quando o leite já está derramado. Ou quando há cerveja em promoção. Para dizer a verdade, eles nunca sentem grande pica pra essas coisas. Além disso, a iluminada elite dos dirigentes académicos anda por estes dias muito ocupada... É que domingo que vem há eleições no país das maravilhas.

Saudações académicas.



sábado, 22 de janeiro de 2005

Saber

Palavras sábias do Hugo:

-- Não é saber, é a gestão que se faz do pouco que se sabe...

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

Tamos tramados

Diálogo entre dois inadaptados. Aconteceu na passada sexta-feira, antes de um trabalho importante cuja preparação ambos haviam preguiçosamente negligenciado. Diz o primeiro, muito sério, mas calmo:

-- Pois é pá, tamos tramados...

-- Hum... já consideraste a hipótese de tu estares certo e o resto do mundo estar enganado?

-- Mesmo que isso seja verdade, ou entras no jogo e alinhas com o resto da malta, ou ficas sozinho, que te lixas!

Responde o segundo, com um meio-sorriso:

-- Convenceste-me.

E lá foram os dois.

domingo, 2 de janeiro de 2005

O pontapé

Doía-me o dedo grande do pé, por isso tomei uma decisão. Há muito que a vida desregrada que levo vinha exigindo sérias resoluções. É preciso um tipo ser responsável, ter consciência. É escandaloso como tenho sido um vadio infame, um boémio, um pecador, um falhado militante. A continuar neste desvairo, é de esperar que até o oxigénio venha a ter vergonha de me entrar nas narinas. E não tarda que revejam a Constituição para que possa ser punida a minha indiferença.

Basta a alguém ouvir-me conversar um pouco para me topar logo: gajas, poesia, bebedeiras, frustrações várias e pouco mais. Se calha o tema ser política ou economia, é só pra difamar os ranhosos capitalistas que mandam neste país todo menos em mim. Nem chego a ser um anarquista a sério -- sou um anarquista mete-nojo. Sou o Pacheco Pereira da Esquerda. E a maneira libertina como escrevo? Sempre a começar frases com "e", sempre a adulterar a sintaxe, armado em excêntrico. Uma vergonha.

Isto um dia tinha que acontecer, uma pessoa, mais cedo ou mais tarde, tem que pensar seriamente nas coisas. É que, ainda por cima, este desgraçado que vos fala é um idiota romântico. Em vez de ser esperto e partir para o engate descontraidamente e na desportiva, criei um penoso e pouco eficaz hábito de me perder de amores por rapariguinhas desconhecidas. Depois, como diz um amigo meu, ameaço-as com declarações de amor sinceras e convites pouco subtis. Por amor de deus, diz ele, as gajas não querem que as ponham num pedestal, querem que as ponham na cama. Ou, como diz o meu tio Zé (um sacana da pior espécie): deixa-te de paixões, uma gaja serve pra dar duas fodas e tá a andar.

Mas eu não aprendo, sou um errante crónico, e o pior de tudo é que acho imensa piada à ideia. Uma toupeira social no século XXI, um revolucionário fora de época, sem respeito pelas regras, sem rei nem roque. E um sentimental ingénuo, ainda por cima. Porra, hei-de ter um fim triste, se não apanho juízo.

Chegou pois a hora de dizer basta. Nada será como dantes. Um gajo não deve andar no mundo por ver andar os outros, deve ter princípios, um código de valores. Deve ter objectivos. Por isso, porque Liberdade é das poucas palavras que merecem maiúscula, porque a cerveja nunca me abandonou quando precisei dela, porque lutar por um amor improvável vale muito, mas muito mais, que uma conquista fácil, mas principalmente porque dei um brutal pontapé na perna da cama que me doeu como se me tivessem dado um chuto nos... por tudo isto tomei a firme decisão de, agora convicto e consciente, agora seguro dos meus deveres, continuar exactamente na mesma.



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